CPI da Câmara de Passo Fundo aponta falhas no Hospital Municipal em investigação de morte de criança por pneumonia
POLÍCIA
230

CPI da Câmara de Passo Fundo aponta falhas no Hospital Municipal em investigação de morte de criança por pneumonia

Relatório mostrou inconsistências no atendimento do paciente

Por Belchyor Teston
10/12/2024 13:02
Atualizado: 10/12/2024 13:10
Compartilhar
        


O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada para investigar os fatos relacionados à morte de Gustavo dos Santos Ribas, 8 anos, apontou falhas no Hospital Municipal de Passo Fundo.

O texto foi apresentado nesta terça-feira (10) durante reunião da Câmara de Vereadores. Ao fim da leitura, por volta das 11h15min, a CPI optou por votar a apreciação do relatório na próxima terça (17), às 9h.

Entre as conclusões, o documento mostrou inconsistências no atendimento do paciente, como a demora até o encaminhamento a outro hospital e a falta de médico radiologista durante a noite.

A investigação teve acesso aos prontuários dos hospitais Municipal e São Vicente de Paulo (HSVP) e ouviu testemunhas e envolvidos no caso. Conforme o vereador Rodinei Candela (Republicanos), relator da CPI, uma falha importante no atendimento foi a demora para encaminhar o paciente ao HSVP:

"O hospital está classificado nos documentos do SUS como um pronto-atendimento de baixa complexidade. Portanto, mesmo que o paciente tenha sido diagnosticado errado com apendicite, ele teria que ter sido mandado imediatamente a um hospital de referência, e não ficado ali durante a noite."

Outra lacuna encontrada pela investigação foi a falta de médico radiologista durante a noite no Hospital Municipal. Isso, segundo a CPI, pode ter contribuído para o agravamento do quadro do paciente, como conclui o relatório:

"Ficou evidente a deficiência dos serviços de radiologia prestados, pois não há médico radiologista disponível durante a noite para que os médicos plantonistas consultem e tirem dúvidas quanto ao diagnóstico dos exames de raio X, sendo o laudo emitido apenas seis horas após a realização dos exames, de forma digital, o que dificulta os diagnósticos".

Ainda, o relatório apontou que uma médica apresentada como responsável técnica pelo Hospital não está inscrita no Ministério da Saúde e exerce apenas um cargo de confiança junto a Secretaria Municipal de Saúde.

O documento será encaminhado para a prefeitura, Ministério Público, auditoria da Secretaria Estadual de Saúde e ao Cremers.

Questionada, a prefeitura de Passo Fundo, responsável pelo Hospital Municipal, disse que esteve representada na apresentação do relatório e vai avaliar o documento antes de se pronunciar oficialmente.

Relembre o caso

Gustavo dos Santos Ribas, 8 anos, morreu em 18 de junho após quadro grave de pneumonia. A família do menino buscou o atendimento médico no Hospital Dia da Criança, com dor nas costelas, febre e vômito.

Após realizar exames de sangue e raio X, a equipe médica diagnosticou inflamação no apêndice e informou que seria necessário cirurgia. Porém, hospitais com essa capacidade, como o HSVP e Hospital de Clínicas, não tinham vagas naquele momento.

Conforme o pai de Gustavo, o menino deu sinais de piora durante a madrugada e passou a reclamar com frequência de dores na região do tórax.

No dia seguinte, após avaliação de outros dois profissionais, Gustavo foi diagnosticado com grave pneumonia. O menino foi então transferido para o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).

Ao realizar exames foi constatado que um dos pulmões já estava comprometido. Horas depois, o quadro do menino se agravou e ele morreu.

No começo de novembro, um inquérito da Polícia Civil concluiu que não houve negligência ou imperícia por parte dos médicos de modo a influenciar na morte de Gustavo.

Fonte: GZH / Passo Fundo




Notícias Relacionadas