Movimento questiona implantação de novos pedágios no Rio Grande do Sul
TRÂNSITO
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Movimento questiona implantação de novos pedágios no Rio Grande do Sul

Representantes contrariam contas apresentadas para o bloco 2

Por Belchyor Teston
28/03/2025 13:49
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O período de consulta pública sobre a concessão das rodovias do Bloco 2, no Rio Grande do Sul, terminou na última segunda-feira (24), e movimentos contrários à implementação dos pedágios têm apresentado números que contrapõem as projeções feitas pelo Governo do Estado. A proposta do Piratini prevê a administração privada de rodovias estaduais nas regiões Norte e Vale do Taquari, com a instalação de praças no modelo Free Flow e investimentos em duplicações e terceiras faixas.

O Movimento Contra os Pedágios, no entanto, questiona a necessidade de parte das obras previstas. Em entrevista à Rádio Tapejara, o representante do grupo, Loivo Dachery, aponta um alto custo para os usuários e pouca estimativa de retorno em investimentos.

Segundo Dachery, o governo estadual estima que os motoristas pagarão cerca de R$ 18 bilhões ao longo da concessão no Bloco 2, enquanto a empresa vencedora do leilão investirá aproximadamente R$ 5 bilhões. No entanto, ele afirma que cálculos independentes indicam que o valor real pago pelos usuários pode chegar a R$ 25 ou até R$ 30 bilhões. "É um custo altíssimo, astronômico. Vamos pagar muito mais do que vamos receber em melhorias", critica.

Outro ponto levantado pelo representante do movimento é o planejamento das obras. Dachery destaca que parte das duplicações previstas são desnecessárias, especialmente em trechos de cidades menores, e que a implementação de terceiras faixas em vez de grandes intervenções já resolveria a maior parte dos problemas de fluxo. "Fazendo algumas terceiras vias, você resolve quase 100% do problema de tráfego em certas regiões, gastando muito menos", argumenta.

Prazo para início das obras

O cronograma de execução das obras também é alvo de críticas pelo movimento. Dachery cita que as primeiras intervenções estão previstas para começar apenas três anos após a implementação dos pedágios, com início em Passo Fundo, e que outras regiões aguardariam muito mais tempo por melhorias. "Tem obras que só vão começar daqui a 14 anos ou mais. Isso é preocupante", alerta.

Um pedágio a cada 17 quilômetros

Caso a concessão seja confirmada nos moldes atuais, os condutores vão precisar preparar o bolso. Ao todo, está prevista a implementação de 24 praças no modelo Free Flow. "São 24 praças, uma a cada 17 quilômetros, em média. Um bitrem saindo de Erechim até Nova Prata gastaria R$ 560 só em pedágio para ida e volta. Isso é um escândalo", afirma Dachery.

Proposta alternativa

Como alternativa, o movimento sugere que os R$ 1,3 bilhão que o governo estadual pretende aportar para reduzir o valor dos pedágios sejam utilizados diretamente em melhorias das rodovias, sem a necessidade de concessão. "Com esse valor, podemos resolver entre 90% e 100% dos problemas de fluxo na região do Bloco 2", defende Dachery.

A proposta de concessão do Bloco 2 prevê a duplicação de 244 quilômetros e a implementação de 103 quilômetros de terceiras faixas, com investimentos de R$ 6,7 bilhões ao longo de 30 anos. Nos primeiros 10 anos, o governo estima que R$ 4,5 bilhões sejam aplicados nas estradas. O contrato também prevê serviços como socorro mecânico e médico, monitoramento por câmeras e bases de atendimento aos usuários já no primeiro ano.

Piratini não se manifestou até o momento

Nossa reportagem entrou em contato com a Secretaria Estadual de Parcerias e Concessões comentar sobre o caso, mas não teve retorno até o momento. O espaço segue aberto para manifestação.

Jornalismo Rádio Tapejara




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