Crime aconteceu em agência de Ibiraiaras
Seis anos e um dia depois da morte de Rodrigo Mocelin da Silva, 37 anos, vítima de assalto a uma agência bancária de Ibiraiaras, em 2018, vão a julgamento os três réus pelo crime nesta quarta-feira (4). A denúncia do Ministério Público acusa os réus de latrocínio e tentativa de homicídio qualificado, além de outros 26 fatos.
O caso aconteceu em 3 de dezembro de 2018, quando um grupo de criminosos deu início a uma ação de assaltos simultâneos a agências bancárias de Ibiraiaras e Três Palmeiras, no norte do Estado. Empregados e clientes foram forçados a fazer cordão humano nos dois municípios.
Em Ibiraiaras, os alvos eram uma agência do Banrisul e outra do Banco do Brasil. Durante a ação, os assaltantes levaram Rodrigo, subgerente do Banco do Brasil, como refém no porta-malas do carro. Naquele momento, os criminosos em fuga entraram em confronto com a Brigada Militar. A vítima foi atingida por um tiro e não resistiu.
O Instituto-Geral de Perícias (IGP) concluiu que o projétil que atingiu o bancário foi disparado por um policial militar envolvido na ocorrência. Apesar da morte ter sido causada por um brigadiano, os policiais não foram denunciados na ação. No processo, eles são considerados vítimas de tentativa de homicídio.
"Na ótica do Ministério Público, se entendeu que os policiais não foram responsáveis pela morte da vítima. A morte ocorreu em decorrência da conduta inicial dos envolvidos. Nunca teve a intenção dos policiais em querer a morte, aconteceu dentro do estrito cumprimento do dever legal ou mesmo na legítima defesa de terceiros", pontua o promotor de Justiça Henrique Rech Neto.
Assim, estão no banco dos réus três acusados de participação no assalto Anderson Mauricio de Jesus Avila, 49 anos; Rogério da Silva Barcelos, 44 anos; e Felipe Arnoldo de Oliveira, 35 anos.
Segundo o promotor, os três estão atualmente presos, um pelo envolvimento no assalto e dois por outros crimes. Os demais seis membros da quadrilha morreram durante confronto no dia.
O advogado que representa a família da vítima, Flávio Gonçalves, diz que a expectativa é de condenação máxima dos acusados.
"A família espera pela condenação dos três acusados pela prática do crime. Não fosse o assalto, não teria ocorrido a morte do Rodrigo. Esperamos que eles sejam condenados com a pena máxima, que é a pena do homicídio com os agravantes que recaem sobre a tipicidade do crime. Confiamos na decisão do júri, pela condenação, e no peso da caneta do julgador", diz.
Vítima havia se mudado recentemente
Rodrigo Mocelin da Silva, 37 anos, havia se mudado para Ibiraiaras três meses antes do caso. Ele foi transferido da agência de Marau do Banco do Brasil para a da cidade, para atuar como subgerente.
Rodrigo deixou a esposa e duas filhas, que moravam em Passo Fundo, distante cerca de uma hora. Na segunda-feira do ataque, ele havia chegado a Ibiraiaras vindo diretamente de Passo Fundo e estava na agência quando o assalto começou, por volta de 13h50min.
Os bandidos entraram e forçaram ele e outros funcionários a se despirem parcialmente. Rodrigo deixou a camisa sobre a sua mesa de trabalho e foi colocado junto de outros dois reféns no porta-malas, que permaneceu aberto em um dos carros usados na fuga.
O que diz a defesa do réu Felipe Arnoldo de Oliveira
A advogada Andrea Caon Reolon Stobbe afirma, em nota, que Felipe não teve participação nos fatos descritos na denúncia do MP:
"O acusado Felipe não participou dos fatos descritos na denúncia. Trabalha como Uber e nessa condição foi contratado para fazer uma corrida. Não tem qualquer envolvimento com qualquer dos demais acusados, como demonstrará, ao qualificado corpo de jurados de Lagoa Vermelha. Acredita em sua absolvição."
O que diz a defesa dos réus Anderson e Rogério
Os advogados que representam Anderson Mauricio de Jesus Avila e Rogério da Silva Barcelos afirmam haver pontos controversos na acusação de ambos:
"Daniel Lopes de Souza e Alisson da Silva Doneda, membros do escritório ASD Advocacia e representantes dos acusados Anderson e Rogério, vêm, por nota, manifestar total interesse na elucidação dos fatos que serão julgados a partir de amanhã, para que essa situação trágica que resultou na morte de um cidadão inocente e assustou toda a região seja encerrada com justiça.
Contudo, a Defesa entende que há pontos controversos na acusação e espera que tudo seja esclarecido durante o plenário, assim podendo efetivar a verdadeira justiça, que deverá sobressair a todo e qualquer apelo social."
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Fonte: GZH / Passo Fundo
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