Artista teve traumatismo craniano após acidente doméstico
O cantor Agnaldo Rayol morreu aos 86 anos na madrugada desta segunda-feira (4). Ele sofreu um acidente em sua casa no bairro Santana, na zona norte de São Paulo (SP), resultando em um corte na cabeça.
Segundo informações da CNN, Agnaldo estava acompanhado de um cuidador da família. Ele ainda estava lúcido quando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado. A assessoria de imprensa do artista relatou à publicação que a ambulância demorou a chegar. Agnaldo foi encaminhado ao Hospital HSanp, também no bairro de Santana, mas não resistiu. Foi diagnosticado com traumatismo craniano.
No ano passado, Agnaldo chegou a ficar internado por 11 dias para tratar de uma pneumonia. O quadro não era grave, mas, conforme a assessoria do artista, seu histórico de problemas respiratórios e a idade motivaram a equipe médica a optar pela internação.
Em nota, a assessoria do cantor destacou sua trajetória:
"Agnaldo Rayol deixa um legado inestimável para a música brasileira, com uma carreira que atravessou décadas e tocou os corações de milhões de fãs. A família agradece as manifestações de carinho e apoio. Informações sobre o velório e cerimônia de despedida serão divulgadas em breve".
De criança prodígio ao estrelato
Agnaldo nasceu no Rio de Janeiro, em 3 de maio de 1938. Reconhecido por sua voz de barítono, o envolvimento do cantor com a música vinha desde a infância, quando já contava com apoio da família.
Já aos oito anos começou a se apresentar com sucesso no programa Papel Carbono, de Renato Murce, na Rádio Nacional. Ainda criança, também começou a fazer pontas em filmes brasileiros, ajudando a sustentar a família.
No entanto, ele chegou a dar um pausa no canto durante a adolescência, por conta de mudanças hormonais, que afetaram a sua voz.
Assim que foi estabilizada, Agnaldo foi levado para São Paulo (SP), onde passou a trabalhar na Rádio Tupi — em seguida, também atuaria na TV Tupi. Ele se firmou com seu estilo de canto potente, impostado e operístico, com repertório costumeiramente romântico, tendo influências de artistas como Vicente Celestino e Francisco Alves.
Nos anos 1960, ele passou a brilhar na televisão, apresentando programas próprios na Rede Record, como Agnaldo Rayol Show e Corte Rayol Show (esse último ao lado do humorista Renato Corte Real).
No cinema, estrelou o filme Agnaldo, Perigo à Vista, em 1969. Antes, chegou a participar de longas de Mazzaropi, Jeca Tatu (1959) e Tristeza do Jeca (1961).
Sua carreira como ator também incluiu trabalhos em novelas, como Mãe (1964), O Caminho das Estrelas (1965), A Última Testemunha (1968), As Pupilas do Senhor Reitor (1970) e Os Imigrantes (1981). Já em 2017, ele faz uma participação na série Mister Brau, da TV Globo.
Nos anos 1980, passou a apresentar o programa musical Festa Baile, na TV Cultura. Já na década seguinte, Agnaldo começou a se notabilizar interpretando canções italianas, língua que aprendeu por influência da mãe, nascida na Itália.
Duas dessas músicas conquistaram o público ao entrarem no repertório de novelas da Globo: Mia Gioconda, em pareceria com Chrystian & Ralf, em O Rei do Gado (1996); e Tormento d'Amore, tema de abertura da novela Terra Nostra (1999), dueto com a soprano Charlotte Church.
Com mais de 65 anos de carreira musical, o último álbum do cantor foi lançado em 2015. Intitulado Concerto de Natal, o projeto foi gravado na Igreja N.S. do Brasil, em São Paulo, e conta com participações de Roberto Seresteiro, Giovanna Maira, Marcelo Nogueira (ator do musical Agnaldo Rayol — A Alma do Brasil), Daniel, Ronnie Von e Enrico Lima (filho de Chitãozinho, da dupla com Xororó).
Nesse registro não falta uma das canções mais emblemáticas da carreira de Agnaldo Rayol: Ave Maria, composição do francês Charles Gounod, que teve como base O Prelúdio e Fuga Número 1 em Dó Maior (BWV 846), do livro I de O Cravo Bem Temperado, de Johann Sebastian Bach.
Agnaldo interpretou a canção em 2007 durante a visita de Papa Bento XVI ao Brasil, na missa de canonização de Frei Galvão. A cerimônia foi realizada na pista de aviação do Aeroporto Campo de Marte, em São Paulo.
Outro momento marcante em que Agnaldo interpretou a canção foi em 28 de março 2020, no início da pandemia de covid-19. A apresentação ocorreu na varanda de seu apartamento, onde cantou Ave Maria como forma de oração ao período de isolamento, sendo bastante aplaudido pelos vizinhos.
Fonte: GZH
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