Polícia Civil investiga se houve erro médico em atendimento a criança que morreu de pneumonia em Passo Fundo
POLÍCIA
1.4K

Polícia Civil investiga se houve erro médico em atendimento a criança que morreu de pneumonia em Passo Fundo

Criança recebeu diagnóstico de apendicite

Por Belchyor Teston
26/06/2024 13:13
Compartilhar
        


A Polícia Civil investiga se houve erro médico no atendimento a Gustavo dos Santos Ribas, 8 anos, menino que morreu em 18 de junho após quadro grave de pneumonia em Passo Fundo, no norte gaúcho. A família de Gustavo registrou um boletim de ocorrência contra o Hospital Dia da Criança, mantido pela Secretaria Municipal de Saúde de Passo Fundo.

A situação começou na tarde de 16 de junho, quando Gustavo começou a se queixar de dor e afirmar que não se sentia bem. À noite, por volta das 23h, o pai, Volnei Ribas, levou o menino à instituição, onde informou que o menino apresentava sintomas como dor nas costelas, febre e vômito.

Ao chegar ao hospital, a equipe médica plantonista avaliou Gustavo e fez exames de sangue e raio X. A partir dos resultados, uma médica apontou que o paciente tinha inflamação no apêndice e afirmou que a criança precisaria de cirurgia. O procedimento, contudo, só poderia ser realizado em outra instituição com estrutura para tal, mas nem o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) nem o Hospital de Clínicas (HC) tinham vagas naquele momento.

Conforme Ribas, durante a madrugada o menino deu sinais de piora e passou a reclamar com frequência de dores na região do tórax. O combinado, conforme o boletim de ocorrência, era que Gustavo passaria por um ultrassom às 8h da manhã. Na troca do plantão, outra médica viu a criança e, vendo a dificuldade que ele tinha para respirar, afirmou que Gustavo deveria receber um broncodilatador em spray e oxigênio. Pouco depois, outro médico foi até o paciente.

“Veio um médico grisalho que falava com sotaque meio espanhol. Ele falou com o Gustavo e examinou as costas dele. Colocou um aparelhinho e escutou, tirou do ouvido e saiu rápido e falando alto”, lembra o pai.

Após o rápido exame, o médico teria discutido com os colegas que avaliaram Gustavo previamente. Minutos depois, o menino foi transferido via SUS para o HSVP. Lá, outros profissionais examinaram a criança e solicitaram a realização de uma tomografia.

“Levaram para fazer a tomografia e, em menos de uma hora, chegou uma médica e disse que era pneumonia bem grave, ele estava com o pulmão direito totalmente comprometido e o outro quase totalmente”, conta Volnei.

O quadro de inflamação no apêndice foi descartado através deste exame. Enquanto isso, porém, a situação de Gustavo piorava hora após hora, mesmo com medicação para doença. A mãe, Luciane dos Santos, lembra que chegou ao HSVP e pouco conseguiu falar com o filho caçula.

“Consegui falar só umas palavrinhas com ele. Falei só que amava ele, que ele ia ficar bem”, conta, emocionada.

Quando encontrou o filho, a situação já era complexa. Segundo ela, o menino tentava se desvencilhar dos aparelhos que o ajudavam a respirar. Logo ela precisou sair do quarto.

“A doutora me chamou e explicou. Ele já estava intubado. Eu entrei e vi só a barriguinha que subia e descia. Ele já estava com aqueles tubos na boca, o narizinho... Ela falou que ele estava estável, só que passou mais ou menos uma hora e deu três paradas cardíacas nele”, diz Luciane.

Pouco depois, o quadro do menino se agravou e Gustavo morreu.

Polícia Civil vai instaurar inquérito

A família registrou uma ocorrência na Polícia Civil. O caso está a cargo da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que deve instaurar inquérito policial e, na sequência, solicitar o prontuário hospitalar para analisar todas as informações desde a entrada no Hospital Dia da Criança até a morte da criança.

“A partir daí, conseguimos identificar os profissionais que atenderam ele e damos prosseguimento à investigação fazendo as oitivas necessárias tanto dos profissionais quanto dos pais dessa criança”, disse a delegada responsável, Daniela Minetto.

Enquanto o inquérito avança, em meio ao luto da perda do filho e irmão mais novo, a família espera por justiça.

“A única coisa que eu quero é justiça e que não aconteça mais com criança nenhuma o que aconteceu com o meu filho”, lamentou o pai de Gustavo.

O que diz o hospital

Questionado, o Hospital Dia da Criança afirmou em nota que foram realizados todos os exames no paciente e que ele já havia sido atendido outras vezes na instituição.

Confira abaixo a nota na íntegra:

"A Secretaria Municipal de Saúde divulgou nota oficial nesta terça-feira (25) sobre o óbito de uma criança de 8 anos (ocorrido na noite do dia 18 de junho), após ter sido encaminhada pelo Hospital Dia da Criança, no dia 17 de junho, para outra instituição de saúde da cidade.

O menino chegou no Hospital Dia da Criança no amanhecer de segunda-feira (17). Ele recebeu pronto-atendimento por parte da equipe médica e, na sequência, foram realizados todos os exames do paciente, que já havia sido atendido outras vezes na instituição. Inclusive, foram feitos exames de sangue e de raio x.

Todo o procedimento foi realizado conforme informações prestadas pelo pai do menino, que relatou o histórico de saúde da criança. Analisado o caso, considerando que o Hospital Dia da Criança é para atendimentos de urgência e emergência na atenção primária, o menino foi encaminhado para confirmação de diagnóstico e tratamento para uma das instituições de saúde da cidade, que o recebeu no início da manhã do dia 18 de junho".

Fonte: GZH / Passo Fundo




Notícias Relacionadas