Seria ousado dizer que o melhor presente no fim do ano é simplesmente se fazer presente. Mas não sejamos ingênuos: nem todos são coletivos. E qual o problema de não ser o Roberto Carlos e não querer ter um milhão de amigos? Ou, ainda, de não querer distribuir rosas por aí?

Felizmente, a maturidade nos traz mais do que fios brancos de Papai Noel. Não há o que temer: às vezes, a ausência é o melhor presente que podemos oferecer, tanto para nós quanto para os outros. Compreender que uma história terminou e aceitá-la como uma parte iluminada da memória já é, por si só, um presente — ou melhor, um pretérito perfeito.

Mas e o presente perfeito? Se eu te dissesse que, há dez mil anos, inventamos uma forma de armazenar o melhor do conhecimento humano e das nossas histórias? Algo que pode evitar erros, orientar decisões e transformar a sua própria trajetória? E que essa tecnologia não precisa de carregador ou atualizações de software? Seria o presente perfeito, não? Esse presente é o livro.

Aliás, um artigo cada vez mais raro entre os brasileiros. Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, pela primeira vez na série histórica, mais da metade da população (53%) não leu nenhum livro — físico ou digital — nos últimos três meses.

Quando penso em um presente perfeito, penso na raridade de algo e no impacto que pode causar na vida de alguém. E são nas páginas que encontramos salvação, especialmente de nós mesmos.