Mais Professores: como funciona o novo programa do governo federal para incentivar profissionais da educação básica
EDUCAÇÃO
120

Mais Professores: como funciona o novo programa do governo federal para incentivar profissionais da educação básica

Por Alessandra Staffortti
15/01/2025 07:38
Compartilhar
        


O Ministério da Educação (MEC) lançou, nesta terça-feira (14), o programa Mais Professores. Semelhante ao Mais Médicos, que espalhou profissionais da medicina pelo Interior do Brasil, o plano tem o objetivo de incentivar a formação e a qualificação de professores da educação básica. Segundo o governo federal, a iniciativa deverá beneficiar cerca de 2,3 milhões de docentes, impactando diretamente 47,3 milhões de estudantes.

O Mais Professores dará apoio financeiro para estudantes do ensino superior que escolherem cursos de licenciatura e para professores já atuantes na rede pública que quiserem trabalhar em regiões carentes de profissionais. Também haverá uma prova nacional unificada para contratação.

Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, o programa foi idealizado para fortalecer a educação básica no Brasil, um segmento ainda bastante fragilizado:

— Um dos graves problemas, um dos maiores desafios hoje no Brasil, é a educação básica. O último censo do IBGE mostrou que quase um terço da população brasileira não terminou a educação básica, algo em torno de 68 milhões de brasileiros. Imagina o impacto que isso tem na economia de um país, no ponto de vista social de um país.

Santana também apresentou dados que revelam o desinteresse dos jovens pela área da docência: segundo o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), apenas 3% dos estudantes de 15 anos têm interesse em se tornarem professores. Quanto à qualificação desses profissionais, outro fator alarmante: a média da nota geral dos 17 cursos de licenciatura avaliados pelo Enade ficou abaixo de 50, em uma escala de 0 a 100.

Camilo Santana disse que o anúncio feito hoje representa o início de um processo de valorização dos professores no Brasil e que mais comunicados serão feitos futuramente. Mais informações podem ser conferidas no site do programa.

"Pé-de-Meia" licenciaturas

Braço do programa Mais Professores destinado a estimular que mais pessoas escolham a carreira de professor vai funcionar da seguinte forma: estudantes que tiraram nota igual ou superior a 650 no Enem e que se matricularem nos cursos presenciais de licenciatura vão receber bolsa mensal de R$ 1.050. Todo mês, eles poderão sacar R$ 700, sendo que o restante, os R$ 350, ficarão mantidos em poupança e o saque só será permitido quando os profissionais começarem a atuar na rede pública de ensino.

No final de um curso de licenciatura com duração de quatro anos, o profissional terá recebido em torno de R$ 48 mil. Neste primeiro momento, serão ofertadas 12 mil bolsas pela Capes, considerando a seguinte ordem de prioridades de ingresso: Sisu, ProUni e Fies.

Além de atrair jovens para a carreira docente, o Pé-de-Meia busca reduzir a evasão nos cursos de licenciatura e incentivar o ingresso nas redes públicas de ensino.

— Queremos atrair alunos de alto desempenho, com perfil de professores, para ingressarem nas licenciaturas. Queremos que as pessoas entrem nas licenciaturas e permaneçam nelas — enfatiza o ministro.

Seleção com a Prova Nacional Docente

O MEC deseja subsidiar Estados e municípios na seleção de profissionais qualificados, além de estimular a realização de concursos públicos e aumentar o efetivo de docentes nas redes públicas de ensino.

A Prova Nacional Docente (PND) será feita mediante adesão dos municípios e Estados, e as redes terão autonomia para usar os resultados (classificatório, eliminatório ou complementar à prova prática). O exame será baseado na matriz do Enade para cursos de licenciatura e será realizado anualmente

— Queremos uniformizar e qualificar a seleção de professores em todo Brasil. Respeitando a autonomia dos municípios e Estados. Hoje, cada município, cada região, tem modelo diferente para seleção de professores, tanto para efetivos quanto temporários. As redes têm autonomia, mas poderão usar essa seleção como primeira etapa para triagem dos professores — explicou o ministro.

A prova não é uma certificação do ofício do professor.

Alocação com bolsa Mais Professores

O professor que já está na rede pública pode aderir ao programa e ser realocado para uma região com carência de profissionais em áreas específicas. Além do salário da rede a qual pertence (municipal ou estadual), o docente receberá bolsa de R$ 2.100 mensais durante dois anos. A iniciativa é inspirada na experiência do programa Mais Médicos.

Segundo o ministro Camilo Santana, haverá chamamento público em fevereiro. A partir do segundo semestre, os professores já podem começar a receber bolsa. Durante este período, ele ganhará uma pós-graduação lato sensu.

— Teremos que ter muita parceria dos municípios e dos Estados para operacionalizar o programa — explica Santana.

Valorização

O Banco do Brasil irá oferecer ao professor que aderir ao programa um cartão sem anuidade e com outros benefícios. Também haverá desconto de 10% para hospedagem em hotéis associados à Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), mesmo durante períodos de grande procura, como feriados.

Haverá entrega de 100 mil notebooks por ano a professores do programa Mais Professores e a docentes das redes e escolas vencedoras do Prêmio MEC da Educação Brasileira – 2025.

Formação

O portal Mais Professores irá unificar as ações oferecidas para formação inicial e continuada de professores de todas as redes.

.

Fonte:

ZH




Notícias Relacionadas