A interrupção de quatro ferrovias gaúchas desde a enchente de maio respinga no preço dos combustíveis em Passo Fundo. Nos postos, o valor médio da gasolina comum é de R$ 6,19 nesta sexta-feira (8) — mais que a média a nível Brasil, fixada em R$ 6,09 pela Petrobras até 2 de novembro.
Além da flutuação dos preços das commodities, o número é puxado pelo fato de que Passo Fundo não recebe carregamentos de combustíveis pelos trilhos desde maio, quando a enchente deixou mais de 180 mortos e milhões em prejuízos em todo o Estado.
Dos quase 50 trechos interrompidos inicialmente, quatro seguem interditados na malha gaúcha, mantida pela concessionária Rumo. Os locais foram danificados por deslizamentos, erosões e quedas de barreiras, informou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). São eles:
Roca Sales — Lages (Tronco Sul)
Roca Sales — Passo Fundo
Pátio Industrial — Rio Pardo
Rio Pardo — Triângulo
Até maio, o combustível que chegava em Passo Fundo vinha de trem desde Canoas, na Região Metropolitana. Agora, toda a distribuição ocorre por modal rodoviário. Os derivados vêm do RS e o etanol a partir de São Paulo, informou a distribuidora Ipiranga.
Enquanto isso, a estação da Rumo em Passo Fundo só não está totalmente vazia por causa dos vagões que transportavam combustíveis lá parados. Eles foram esvaziados logo depois da enchente e o pouco movimento do local vem dos seguranças e funcionários responsáveis pela manutenção do espaço.
Reflexo nos preços
A substituição de trens por carretas para o transporte de combustíveis faz com que o custo logístico seja maior, o que afeta o preço ao consumidor final.
Nas planilhas da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio da gasolina comum em Passo Fundo acompanha as flutuações do Rio Grande do Sul e do Brasil — mas há acréscimos de centavos que pressionam o valor cobrado nos postos da cidade
— Se os produtos que vêm de fora do RS, especialmente o etanol, agora estão vindo via rodoviária, com maior custo, fatalmente isso será repassado pelas distribuidoras. Cada uma vai definir o percentual (de acréscimo) conforme a realidade da região. Não é só Passo Fundo: há várias cidades do Rio Grande do Sul afetadas (pelas ferrovias fechadas) e a pressão é grande sobre o preço dos combustíveis — disse o presidente da Sulpetro, João Carlos Dall'aqua.
Questionada sobre a situação das ferrovias, a ANTT disse, em nota, que tem monitorado a situação e exigido a recuperação dos danos da concessionária, conforme o contrato de concessão e as normas aplicáveis.
"No entanto, devido à magnitude dos estragos, os estudos em andamento, ainda não definiram os serviços necessários, os valores envolvidos e os impactos na concessão", disse a agência.
A Rumo, por sua vez, informou que segue em diálogo com o governo federal e autoridades competentes para "avaliação conjunta do cenário".
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Fonte:
GZH
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