Paul McCartney, pulso e política
CULTURA
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Paul McCartney, pulso e política

Uma crônica bonaerense sobre a arte de enganar o tempo

Por Jonathas
07/10/2024 07:23
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O relógio está condenado a seguir tocando. Enquanto houver mundo, ele continuará. Não sabe disso, mas só marca a verdade das horas quando é esquecido.

Quando penso nas minhas melhores memórias, não houve aviso prévio. Se tivessem marcado hora, provavelmente minha ansiedade as teria estragado.

Enquanto escrevo estas linhas, a menos de dois quilômetros de casa, um senhor de oitenta e dois anos brinca com as décadas como se tivesse todo o tempo do mundo. O fato é que, há mais de sessenta anos, ele teve a coragem e a competência de, junto com seus amigos, colocar o dedo no pulso do tempo e traduzir a dor e a beleza de uma geração. Seu nome? Paul McCartney. Sua banda? Os Beatles. O local do show? Monumental de Núñez, Buenos Aires.

Honestamente, não sei se me comovo mais com as letras ou com a reação das quatro gerações que agora parecem se transfigurar nessa alma sonora. Hoje à tarde, ao observar os expectantes do show, vi esperança no rosto dos mais velhos e memória na face dos jovens.

Não sei se alguma campanha política já conseguiu te cativar dessa maneira... No entanto, sinto que a arte também mobiliza, cria projetos, expõe, cativa. Ela repara partidos, corações e coletivos e, ainda assim, parte outros... Porque mesmo o fim de qualquer coisa é um ponto de partida.




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