A polêmica sobre a preparação física do Inter: afinal, o que mudou de Coudet para Roger?
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A polêmica sobre a preparação física do Inter: afinal, o que mudou de Coudet para Roger?

Metodologias diferentes marcaram as duas comissões técnicas

Por José Augusto Pirolli da Silva
21/08/2024 12:25
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A preparação física voltou a ser assunto no Inter. Com a temporada abaixo da expectativa, o clube como um todo busca explicações para os insucessos. E a condição atlética virou tema, como já ocorrera outras vezes. Agora, alimentada por uma declaração de Thiago Maia após o jogo contra o Atlético-GO, no domingo passado.

O volante afirmou que o time está com uma defasagem física e não apenas por causa do período sem jogos e treinos da enchente. Em sua visão, a metodologia adotada pela comissão técnica anterior deixou o grupo para trás.

— Vínhamos com muitas lesões porque não estávamos fazendo algumas coisas temos de fazer no esporte, na questão da força física, academia, essas coisas. O Paulo Paixão (preparador físico) é um cara bastante experiente e, quando chegou, falou para voltar a fazer academia, a fazer (exercícios de) força. Estamos recuperando a nossa força física. Estamos um pouco atrás de muitos times, mas aos poucos recuperando, nas semanas cheias para trabalhar. É difícil correr atrás do resultado, normalmente isso se faz na pré-temporada.

Mas afinal, que mudança foi essa?

A reportagem procurou especialistas e pessoas ligadas às comissões técnicas de Eduardo Coudet e Roger Machado para estabelecer as diferenças. E a constatação é de que, na prática, o que mudou foi o maior intervalo entre jogos.

Tanto Coudet quanto Roger fazem, sim, exercícios de força. Há dezenas de fotos divulgadas pelo próprio Inter de atletas na academia, levantando peso ou realizando atividades no gramado como as feitas no treino desta terça-feira.

Octavio Manera, ex-preparador físico, foi procurado pela reportagem. Ele não quis conceder entrevista alegando que, como não está mais no clube, teria pouco a dizer. Entretanto, ZH teve acesso ao relatório físico da partida contra o Vasco, a primeira da volta ao Beira-Rio.

Mesmo tendo perdido, o desempenho colorado em termos de distância percorrida e distância percorrida em alta velocidade é bastante superior ao do adversário. Os números estão no topo da pirâmide do futebol brasileiro. Em tese, isso provaria que o time não tinha especificamente problemas físicos. Mas essa é também uma percepção pessoal. Há atletas que fazem trabalhos individuais em outro turno para se sentir melhor.

Especialistas consultados pela reportagem que preferiram manter o anonimato por "razões éticas" explicam que não é mais o modelo corrente fazer apenas atividades em academia. Os exercícios de força são misturados aos técnicos e táticos, especialmente em semanas com dois ou mais jogos. Apenas quando há períodos mais longos sem partidas é que os preparadores montam sessões mais específicas.

Intervalo entre jogos

É o caso atual. Desde a retomada do futebol pós-enchente, em 28 de maio, o Inter jogou no meio e no final de semana até 27 de julho. O máximo de intervalo que teve entre uma partida e outra foi de cinco dias (8 a 13 de junho). Esse período inviabiliza atividades físicas específicas. Só há tempo para recuperação e treinos visando os confrontos. Mas não havia impeditivos para que jogadores buscassem, por iniciativa própria, algum complemento.

Agora, houve três semanas em que o Inter só jogou no sábado ou no domingo, sem entrar em campo na quarta ou na quinta. Um período maior assim permite uma atenção específica maior.

É semelhante ao que ocorre na Europa. Um preparador físico com experiência em alguns gigantes europeus conta que alguns jogadores, em busca de uma adaptação mais rápida, procuram reforço no turno inverso ao treino com os companheiros. No clube, o programa de atividades é bastante parecido com o brasileiro. Eventualmente, dependendo da estrutura, a comissão técnica pode optar por individualizar exercícios, caso perceba alguma deficiência.

Calendário fará uma pausa

Com mais tempo para treinar, porém, é possível que o Inter tenha uma evolução física. Alguns jogadores, como Borré, estão voltando ao time após lesão muscular. A equipe tem um intervalo de uma semana entre o jogo passado, contra o Atlético-GO, e o próximo, diante do Cruzeiro. E depois de enfrentar o Juventude, no dia 1º de setembro, só tem compromisso agendado para 15 de setembro, frente ao Cuiabá. O calendário fará uma pausa para a data Fifa. O Inter tem a promessa da CBF de que não marcará nenhuma das partidas atrasadas nesse período, e até por isso permitiu a convocação de Gabriel Carvalho para a seleção sub-20.

A esperança é de que os jogadores se sintam melhor fisicamente após esse período. Mas há muitas questões técnicas, táticas e psicológicas para ser trabalhadas.

Fonte: Zero Hora




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