Hepatites Virais : Entenda as principais diferenças entre as hepatites A, B e C
SAÚDE
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Hepatites Virais : Entenda as principais diferenças entre as hepatites A, B e C

Por Alessandra Staffortti
05/08/2024 08:54
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A hepatite é considerada a principal causa de morte infecciosa no mundo. Por isso, recentemente a Organização Mundial da Saúde lançou uma campanha com o objetivo de erradicar a doença, tendo como meta o ano de 2030. A pandemia de COVID-19 afetou seu diagnóstico e as recentes enchentes na região Sul também aumentaram o risco de desenvolvimento de infecções pelo vírus da hepatite A em nosso estado.

Para esclarecer as principais dúvidas sobre este tema, convidamos a médica hepatologista, membro do corpo clínico do Hospital de Clínicas de Passo Fundo, Dra. Raquel Scherer de Fraga.

A especialista explica quais são as principais características das hepatites virais. “As hepatites virais são causadas por diferentes vírus, onde o fígado é o alvo principal. Eles causam inflamação no fígado, podendo ocasionar falência hepática aguda e, nas formas crônicas (quando o vírus permanece no organismo por mais de 6 meses), levar à cirrose e ao câncer de fígado.” esclarece Dra. Raquel.

Os principais tipos de vírus que ocasionam hepatites são A, B, C, D e E, sendo o A, o B e o C os mais prevalentes no nosso país. Entenda como ocorre a transmissão em cada caso:

- Hepatite A: Geralmente transmitida por água ou alimentos contaminados. No Brasil e no mundo, há também relatos de casos e surtos que ocorrem em populações com prática sexual anal, principalmente a que propicia o contato fecal-oral (sexo oral-anal). Não evolui para formas crônicas.

- Hepatite B: Transmitida por sangue, fluidos corporais e durante o parto.

- Hepatite C: Transmitida principalmente por contato com sangue contaminado.

O mês de julho marcou a campanha de conscientização sobre estas doenças, alertando para as formas de prevenção e para seu diagnóstico, já que as hepatites são consideradas doenças silenciosas.

“A campanha do Julho Amarelo, mês de conscientização das hepatites virais, tem como objetivo principal alertar sobre esse importante problema de saúde no Brasil e no Mundo. Ressaltamos que os vírus da hepatite B e C podem permanecer no nosso organismo por longos períodos, ocasionando sintomas apenas tardiamente, quando a pessoa já está com cirrose avançada.” explica a especialista.

A hepatologista enfatiza também que o diagnóstico é feito através de exames de sangue e o teste rápido para as hepatites B e C pode ser realizado em postos de saúde.

“O diagnóstico precoce das hepatites virais não só melhora os resultados individuais dos pacientes, mas também contribui significativamente para a saúde pública ao reduzir a transmissão do vírus e minimizar o impacto econômico e social das complicações associadas à doença hepática crônica.”

Além da vacinação, a Dra. Raquel Fraga relaciona também outras formas de prevenção. “Medidas de higiene, práticas seguras de sexo e uso de precauções universais em cuidados de saúde ajudam a prevenir a transmissão. A vacinação está disponível para prevenir as hepatites virais A e B.”

Tratamento

O tratamento das hepatites será indicado pelo profissional responsável. “O tratamento varia conforme o tipo de hepatite. Algumas infecções agudas (com o é o caso da hepatite A) podem se resolver sozinhas, enquanto outras podem necessitar de intervenção médica.” pontua Dra. Raquel Fraga, hepatologista no HCPF.

A especialista complementa com orientações sobre os tratamentos utilizados atualmente para cada tipo hepatite. “Para hepatites crônicas, como B e C, estão disponíveis terapias antivirais específicas. Na hepatite B, os tratamentos disponíveis atualmente não curam a infecção, mas reduzem o risco de progressão para cirrose e a incidência de câncer de fígado, melhorando sobremaneira a sobrevida em longo prazo. O tratamento, quando indicado, é realizado com antivirais específicos (alfapeginterferona, tenofovir e entecavir), disponibilizados no SUS, de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções.”

Mais de 60% dos casos de hepatites C se tornam crônicos e a maior parte dos indivíduos com hepatite C não conhecem seu diagnóstico. “O tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta (DAAs), que apresentam taxas de cura de mais 95% e são realizados, geralmente, por 8 ou 12 semanas. Os DAA revolucionaram o tratamento da hepatite C, e possibilitam a eliminação da infecção, com incidência muito baixa de efeitos adversos.” pontua Dra. Raquel.

Orientações sobre a vacinação:

“Desde 2014, a vacina faz parte do calendário infantil, podendo ser utilizada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos. É importante que os pais, cuidadores e profissionais de saúde estejam atentos para garantir a vacinação de todas as crianças. Ainda em relação à prevenção da hepatite A, é importante ressaltar que, em países de renda média, com a economia em transição e condições sanitárias variáveis – situação atual do Brasil –, há uma redução no número de pessoas que têm contato com o vírus da hepatite A na infância e, consequentemente, um aumento no número de pessoas que estão sujeitas a terem a infecção mais tarde, onde tende a ser mais sintomática e com maior risco de hepatite fulminante. Surtos ocasionais também podem ocorrer devido a condições específicas de contaminação de água ou alimentos, como ocorreu recentemente com as enchentes no nosso Estado. Já a vacinação contra a hepatite B é universal, ou seja, está disponível gratuitamente em todas as unidades básicas de saúde, sem restrição de idade.” finaliza a especialista.

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Fonte:

HC Passo Fundo




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