Qual a Relação Entre Super-Heróis e Mitologia Grega?
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Qual a Relação Entre Super-Heróis e Mitologia Grega?

Quais seriam os paralelos gregos de Deadpool e Wolverine?

Por Jonathas
23/07/2024 10:00
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Ao apresentar uma das histórias mais épicas de todos os tempos, fui inesperadamente indagado: Por que você gosta tanto de Tróia e não gosta de super-heróis?

Quebrei o ponteiro do relógio das eras para fundamentar essa relação para além dos meus preconceitos, e hoje vamos ver se há semelhanças. Primeiro, para simplificar, vamos pôr no quadro duas figuras fundamentais da mitologia grega:

A origem desses mitos elabora perguntas cruciais dos nossos vazios existenciais. Essas histórias nascem de uma tradição oral e logo ganharam corpo em figuras como Hesíodo (776 a.C) em "Teogonia", que explica a origem do universo, a ascensão dos deuses olímpicos e a sucessão das gerações divinas. E Homero (898 a.C) em "Ilíada", que narra eventos da Guerra de Tróia, e sua sequência, "Odisseia", que conta a árdua jornada de Ulisses enfrentando todo tipo de inimigos para retornar a sua casa.

Quase três mil anos depois, na década de trinta, na efervescência da Segunda Guerra Mundial e do contraponto do alento salvador da Arte, nascem duas editoras que, como Hesíodo e Homero, dão superpoderes a jovens diante de uma época extraordinária: DC Comics e Marvel.

Agora, quase cem anos depois, talvez os dois heróis mais aguardados do ano estejam prestes a encher salas de cinema do mundo todo, e isso é tão épico quanto a mitologia.

Wolverine que descobre suas garras diante de um dos eventos mais simbólicos de sua vida: a morte de seu pai. Essa transformação também revela o superpoder de se curar rapidamente. O trauma também deságua em uma vida encarnada pelo selvagem Wolverine. Ou seja, uma alternativa moderna a Ares, o deus grego da guerra. Ambos compartilham de impulsividade, ferocidade e indomabilidade. Além disso, a capacidade de regeneração de Wolverine, também pode ser visto como uma representação da imortalidade.

Deadpool, na sua gênese, foi pintado como vilão. Porém, suas habilidades como o humor autodepreciativo e seu sarcasmo em combates diante de um universo de cuecas sobre calças, fizeram dele uma figura empática e o transmutaram ao reconhecimento de anti-herói. Seu correspondente mitológico, poderia ser Hermes, mensageiro dos deuses, e deus das travessuras, viagens e fronteiras. Astuto e malandro, se alinha facilmente a personalidade irreverente do anti-herói moderno.

O herói com falhas conversa facilmente com a mitologia grega, que não separa a tão venerada cultura do bem contra o mal. Perigoso discurso também utilizado na política. Quando, na verdade, somos só personagens com mais ou menos poderes diante das mesmas perguntas que fundamentam a mitologia: de onde viemos? O que estamos fazendo aqui? Para onde vamos?




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