Tapejara pode manter exportação de aves para mercados alternativos, afirma ABPA
AVICULTURA
779

Tapejara pode manter exportação de aves para mercados alternativos, afirma ABPA

Por Alessandra Staffortti
22/07/2024 05:35
Compartilhar
        


Mesmo com a suspensão das exportações de carnes de aves e derivados por 21 dias, em medida divulgada nesta semana pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, cidades como Passo Fundo, Marau e Tapejara, no norte gaúcho, poderão seguir exportando para destinos alternativos, como o Canadá, Japão e Coreia do Sul. A informação é do presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.

O Brasil suspendeu as exportações de carnes de aves e derivados para 44 países após a doença de Newcastle ter sido detectada em uma ave na cidade de Anta Gorda, a cerca de 137 km de Passo Fundo.

A enfermidade é altamente contagiosa em aves domésticas e silvestres, provocando sintomas respiratórios e manifestações nervosas, como diarreia e edemas na cabeça. Especialistas alertam que essa não é uma doença nova e que raramente atinge seres humanos, tendo seu foco principal nas aves silvestres do mundo inteiro.

Conforme o presidente da ABPA, Ricardo Santin, 12 amostras foram realizadas na propriedade de Anta Gorda e apenas um caso confirmado. O local sofreu recentemente com os efeitos da chuva e teve parte do telhado derrubado, o que possivelmente fez com que um pombo infectasse o aviário.

— Algumas aves ficaram debilitadas após parte do telhado ter caído. Provavelmente um pombo entrou lá, porque o vírus que foi detectado é decorrente de pombos e atingiu essa ave. Ela já tinha o vírus sequenciado geneticamente, então entendemos que é um caso pontual, mas que causa efeitos colaterais — explicou.

Regras de exportação exigem quarentena de exportações

Como o Brasil é signatário da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), deve notificar todos os países-membros quando um caso de doença infectocontagiosa é identificado.

Em alguns casos, como países da Europa, por exemplo, as exportações devem ser suspensas em todo o estado ou país. Outros mercados, contudo, só interrompem as importações de aves de locais a 50km do município afetado — neste caso, Anta Gorda e entorno.

Por isso, nem todas as exportações estão proibidas para Passo Fundo, Marau e Tapejara — algumas das cidades conhecidas por terem frigoríficos na Região Norte. Países que seguem recebendo aves de locais não afetados são o Canadá, Coreia do Sul e Japão, por exemplo (veja a lista completa abaixo).

— Nesses casos, somente o município de Anta Gorda e este entorno não podem exportar e o resto do Rio Grande do Sul segue exportando tranquilamente para esses mercados alternativos — destacou o presidente da ABPA.

Em contato com a reportagem de GZH Passo Fundo, o presidente do Sindicato da Alimentação de Passo Fundo, Miguel dos Santos, declarou que se reuniu com autoridades do setor aviário e foi informado que Passo Fundo não deve ter grandes reflexos da suspensão por existirem mercados paralelos onde a exportação seguirá normalmente.

Quais mercados são afetados

As suspensões têm relação com os termos definidos nos acordos comerciais entre os países. Importantes compradores de aves do RS, como China e União Europeia, definem a restrição de importação de todo o país. Veja as listas completas:

Suspende a compra de aves em todo o país

China

Argentina

União Europeia

Suspende a compra de aves produzidas em todo o RS

África do Sul

Albânia

Arábia Saudita

Bolívia

Cazaquistão

Chile

Cuba

Egito

Filipinas

Geórgia

Hong Kong

Índia

Jordânia

Kosovo

Macedônia

México

Mianmar

Montenegro

Paraguai

Peru

Polinésia Francesa

Reino Unido

República Dominicana

Sri Lanka

Tailândia

Taiwan

Ucrânia

União Econômica Euroasiática

Uruguai

Vanuatu

Vietnã.

Suspende a compra de aves produzidas no foco de contágio e raio de 50km

Canadá

Coreia do Sul

Israel

Japão

Marrocos

Ilhas Maurício

Namíbia

Paquistão

Tadjiquistão

Timor Leste

Como a região de Passo Fundo não faz parte dessa restrição, pode seguir exportando normalmente para os países citados no último tópico.

As restrições dos demais países, contudo, devem afetar diretamente a balança comercial do Rio Grande do Sul. O Estado é o terceiro maior exportador de carne de frango do Brasil, ficando atrás do Paraná e de Santa Catarina.

No primeiro semestre, os principais destinos da carne de frango gaúcha foram:

Emirados Árabes Unidos (48 mil toneladas – US$ 94 milhões)

Arábia Saudita (39 mil toneladas – US$ 77 milhões)

China (32 mil toneladas – US$ 52 milhões)

Japão (20 mil toneladas – US$ 43 milhões).

O que acontece agora

Conforme o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS), para combater a doença de Newscastle é necessário sacrificar as aves afetadas, interditar a propriedade e delimitar uma zona de proteção de três quilômetros e zona de vigilância de 50km do foco.

Após a suspensão das exportações, será realizado um levantamento da área atingida e a de população das aves que tiveram contato com o vírus.

Apesar de apenas um caso ser confirmado, todas as outras aves vão para o chamado “abate humanitário”, onde o processo é feito dentro das normas de bem-estar animal. Após isso, é realizada a desinfecção do aviário e em 21 dias a exportação normal é retomada no local.

Conforme o CRMV, não há risco no consumo de aves que tenham selo de inspeção. "Isso significa que o alimento é seguro para consumo", reafirmou o órgão.

.

Fonte:

GZH




Notícias Relacionadas