O responsável por aumentar a sequência invicta do Inter para nove jogos combina com esse número. O gol contra o Corinthians, aos 48 minutos do segundo tempo, ilustra bem. Ricardo Mathias estava na área como um centroavante, achou espaço como um centroavante, teve recurso para concluir de letra como um centroavante e estava atento para perceber que a bola tinha cruzado a linha, como um centroavante.

Aos 18 anos, uma das maiores promessas da base colorada começa a ganhar espaço no time principal. E, na iminência de renovar contrato, sobe degraus na disputa por uma vaga no ataque.

Ricardo Mathias nasceu em 25 de julho, na semana que o Inter empataria com o Libertad, em Assunção, pela abertura das semifinais da histórica Libertadores de 2006. Na noite que ficou marcada pela bola que bateu na trave, nas costas de Clemer e não entrou, considerado por muitos colorados como o sinal de que a sorte tinha mudado, a família Mathias aumentava em Nova Iguaçu (RJ).

Mais novo de três irmãos, ele começou no futebol jogando pelas ruas da segunda cidade mais populosa da Baixada Fluminense. Craque de peladas de rua, foi levado para a Ferroviária-SP por um descobridor de talentos. No interior paulista, despertou interesse dos olheiros colorados e veio para o Celeiro de Ases.

Entrou direto no time sub-17, mesmo aos 15 anos. Em competições oficiais, marcou 34 gols pela base colorada. Sua média é de 0,5 por partida. Pela seleção, foi campeão do Sul-Americano sub-17 de 2023, marcando um gol e dando uma assistência na campanha invicta do Brasil.

Oportunidade em 2024

No Inter, começou a receber oportunidades em 2024. Foi relacionado por Eduardo Coudet para a primeira partida da semifinal do Gauchão, mas não entrou em campo. Os 10 minutos finais contra o Athletico-PR, no segundo turno, foram sua estreia entre os profissionais, sob comando de Roger Machado. Dali por diante, não deixou mais de frequentar a relação de convocados.

Desde então, a única partida que fez pelo time de baixo foi especial. O Gre-Nal da Copa FGF teve reforços de Rodrigo Caio, Arezo e Aravena no Grêmio. Todos viram o show do centroavante colorado, que marcou os dois gols da virada no clássico, vencido por 2 a 1.

Agora, é justamente o clássico seu próximo desafio. Na fase atual, pode sonhar com chance para o Gre-Nal do Brasileirão. Diante do Corinthians, por exemplo, entrou em campo antes de Alario. Para enfrentar o Grêmio, Roger deverá ter o retorno de Borré. Seguindo essa lógica, Ricardo Mathias teria de passar Valencia na hierarquia. O técnico, porém, evitou abordar o tema. Mas elogiou seu jovem jogador:

— Mathias decidiu um clássico pelo time sub-20 e soube lidar com algumas frustrações. Na semana, fez trabalhos específicos. Ele tem maturidade. Ficamos felizes, mas sabendo que precisamos manter os pés no chão.

Roger já tinha explicado, em outra entrevista, o que quer do jogador. E foi didático:

— Identifiquei que Ricardo gosta de se mover em campo. Ele tem uma boa relação com a bola, é habilidoso e rápido, alcança mais de 30km/h. E aí porque tem 1m92cm precisa ficar parado no meio dos zagueiros? Se não tivesse essa altura, jogaria ali? Não. Só é para ficar no meio da defesa quando a jogada for de linha de fundo.

Renovação de contrato

Restava um empecilho no caminho do jovem. Seu contrato encerra-se em fevereiro. Então era preciso renovar para não correr riscos de perdê-lo sem compensação financeira. O PSV, da Holanda, fez proposta oficial, que o Inter recusou. Agora, os empresários do atleta e os dirigentes colorados chegaram a um acordo, e a renovação por mais quatro temporadas deve ser assinada ainda nesta semana.

Com mais tranquilidade ainda, Ricardo Mathias poderá dar a resposta que se espera pelo que promete desde a base. E que vem entregando nos minutos que recebe.

Fonte: Zero Hora