Mais de 1,3 mil pacientes esperam por um rim no Rio Grande do Sul. Os dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES), atualizados em agosto, mostram que o órgão é o mais requisitado para transplantes no Estado. A doação entre vivos é menos comum no país, mas também ajuda a salvar vidas.
O cirurgião e chefe do serviço de transplantes do Hospital São Lucas, de Porto Alegre, Marcelo Hartmann, médico cooperado da Unimed Porto Alegre, explica que o processo de doação no Brasil é extremamente criterioso. Pode doar qualquer pessoa que concorde com o procedimento, desde que não prejudique a sua própria saúde. Por isso, é necessário passar por uma bateria de exames e avaliações prévias. Pela lei brasileira, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. No caso do possível doador não ser da família, é necessário uma autorização judicial.
O rim é responsável pela filtragem do sangue e pela eliminação das toxinas resultantes do metabolismo corporal, como ureia, creatinina e ácido úrico. Além das doenças renais crônicas primárias ou próprias dos rins, a hipertensão e o diabetes, que são muito prevalentes, podem causar lesões renais graves, trazendo a necessidade de substituição do órgão e também do tratamento de hemodiálise.
O controle e o tratamento adequado dessas condições são fundamentais. Por conta do fator hereditário, Hartmann reforça a importância de uma avaliação para garantir a saúde renal e iniciar um acompanhamento o mais cedo possível, caso seja necessário.
O transplante é um procedimento de alta complexidade, mas o médico explica que os avanços da medicina trouxeram alternativas que facilitam a retirada e a implantação do órgão, como a videolaparoscopia (cirurgia minimamente invasiva realizada com o auxílio de uma câmera).
— Esse processo possibilita menor trauma cirúrgico, menos dor e menor possibilidade de complicação pós-operatória para quem doa. O receptor também é beneficiado, pois realiza uma cirurgia eletiva, reduz o tempo de espera em lista e recebe um órgão com condições de funcionamento imediato e com perspectiva de maior sobrevida, o que é muito positivo — orienta o cirurgião.
O período pós-transplante inclui uma série de etapas, como terapia com medicamentos imunossupressores – que previnem a rejeição do órgão transplantado – e exames regulares para monitorar a função renal e ajustar o tratamento. O transplante proporciona uma oportunidade de viver com mais saúde e tranquilidade. Mas ainda há algumas limitações, especialmente a escassez de doadores, que pode ser contornada com a comunicação.
— Tornar-se um doador de órgãos é uma decisão generosa que pode oferecer esperança para milhares de famílias — finaliza.
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Fonte:
GZH
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