Prejudicados por interdição de rodeio country cobram reembolso dos ingressos
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Prejudicados por interdição de rodeio country cobram reembolso dos ingressos

Saiba o que fazer nesses casos

24/04/2024 10:00
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Após a interdição do Rodeio Country que aconteceria no último fim de semana em Passo Fundo, os frequentadores da festa cobram reembolso e contato da organização do evento. Dos quatro dias de festa, apenas dois tinham permissão para funcionar. Além das atividades do rodeio, a programação no Parque Wolmar Salton contava com shows e um festival de churrasco entre quinta-feira (19) e domingo (21).

O primeiro dia, realizado na quinta, aconteceu sem a emissão do Alvará de Prevenção e Proteção Contra Incêndios, o que levou à ação do Corpo de Bombeiros na sexta (19) e novas vistorias. Na sexta-feira haveria show da dupla sertaneja Munhoz e Mariano.

Os visitantes, porém, precisaram voltar para casa depois que o Corpo de Bombeiros identificou inconformidades na estrutura e saídas de emergência, o que impossibilitou a realização do evento. No sábado (20), uma nova vistoria foi realizada e alvará emitido após às 18h, o que garantiu o funcionamento da programação até o domingo (21).

Apesar do evento ter acontecido em dois dos quatro dias, os consumidores que haviam garantido ingresso para a sexta (19) buscam reaver seus prejuízos. Na cidade, há sete denúncias nos órgãos de proteção ao consumidor. Outras três ocorrências foram registradas na Polícia Civil até o momento, duas de pessoas que adquiriram ingressos e uma referente aos espaços comerciais da feira. Os casos estão em análise na 1ª Delegacia de Polícia.

Valéria Cornelli é uma das prejudicadas. Ela se organizou com o marido desde o mês de janeiro para participar do rodeio. Ao todo, o prejuízo foi de cerca de R$ 880 em ingressos do casal, comprados para a área VIP de sexta-feira, que incluía acesso liberado à comidas e bebidas. Moradores de Constantina, eles se deslocaram cerca de 100km até Passo Fundo com outros dois amigos. Funcionária de uma cooperativa de crédito, ela saiu mais cedo do trabalho para vir ao evento e soube do cancelamento já nos portões de acesso:

— A propaganda era incrível, as melhores bebidas e tudo à vontade. Chegando lá, vimos que o evento estava interditado e umas mil pessoas na frente na fila. Depois de tudo, a gente chama e eles dizem que o evento ocorreu sábado e domingo e poderíamos ter usado o ingresso no sábado. Isso para nós é desorganização, eles tiveram quatro meses para se regularizar. Uma total falta de consideração, uma vergonha — desabafa.

Quem também veio de outra cidade e acumula cerca de R$ 1,2 mil em prejuízo é a motorista Jéssica Silveira de Oliveira. Ela saiu de Santo Antônio da Patrulha, a 355km de Passo Fundo, e desembolsou R$ 374 em dois ingressos e R$ 650 do aluguel de uma pousada para o fim de semana. O restante foi gasto em gasolina e pedágios.

Jéssica conta que tentou contato via WhatsApp com a administração do rodeio já na primeira data que o evento aconteceu, em março, e foi avisada de que as informações oficiais seriam transmitidas através das redes sociais do evento. A motorista não chegou a retornar para a segunda data do rodeio, no último fim de semana, e não recebeu retorno quanto a um possível reembolso.

— Eu fiquei sabendo pela moça da pousada que não ia ter mais evento. Desde lá eu já tentei meus direitos e em um primeiro momento eles me responderam que iam ver como proceder, mas pararam de responder depois. Até agora, ninguém entrou em contato comigo — relata.

Outra lesada, que pediu para ter a identidade preservada, conta que havia se organizado para curtir as três noites de evento. Acompanhada dos dois filhos, eles haviam garantido ingressos antecipados ao custo de R$ 510, somados a R$ 20 de estacionamento. Chegando no local do evento, a família relata que ficou cerca de uma hora esperando para entrar no local:

— Fomos apenas na noite de sexta na esperança de assistirmos ao show do Munhoz e Mariano. Ficamos com várias pessoas por mais de 1h no escuro, pois não tinha luz. Após às 21h liberaram para o pessoal ir até a “arena”, onde deveria ocorrer o show e a apresentação do rodeio (gineteada). Não teve nada e fomos embora. Entrei em contato com o pessoal pelo Instagram e ninguém respondeu. Hoje, quando fui verificar novamente, não tinha mais nada.

O que diz a organização

GZH tentou contato com a organização do Rodeio Country Show Circuito Barretos em Passo Fundo, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

Como buscar os direitos do Consumidor

Em Passo Fundo existem órgãos focados ao apoio ao consumidor que podem auxiliar na mediação entre lesados e organização: o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), Balcão do Consumidor da Universidade de Passo Fundo (UPF) e a Promotoria de Defesa do Consumidor.

Há pelo menos sete registros no Procon e no Balcão da UPF envolvendo o rodeio. A orientação, conforme o coordenador do Balcão do Consumidor e professor de Direito, Franco Scortegagna, é que o consumidor procure os órgãos com seus documentos pessoais e comprovante de pagamento do evento para o registro da reclamação.

— É importante o consumidor guardar fotos e vídeos demonstrando que o serviço não foi prestado e também entrar em contato com a produtora ou responsáveis pelo evento para verificar a respeito dos ressarcimento dos valores pagos. Além disso, sempre buscar o contato e registrar um protocolo via telefone ou e-mail para demonstrar que a empresa não atendeu o consumidor — explica Scortegagna.

Ainda não há registros de consumidores ou de órgãos, como Procon e Polícia Civil, na Promotoria de Defesa do Consumidor. Neste caso, a promotoria trabalha de forma coletiva, buscando indenização para um fundo de defesa do consumidor. Para quem quer ressarcir seu prejuízo, de forma individual e pessoalizada, a orientação do promotor Cristiano Ledur é buscar os demais órgão de defesa do consumidor.

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Fonte:

GZH




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