Cerca de um terço das cidades do RS não têm asfalto
ESTRADAS
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Cerca de um terço das cidades do RS não têm asfalto

Problema afeta 164 do total de 497 prefeituras no estado.

29/04/2017 07:15
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Cerca de um terço das cidades do Rio Grande do Sul não têm acesso por asfalto, segundo pesquisa realizada pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). O problema afeta 164 do total de 497 prefeituras no estado. Só é possível chegar a 64 delas por estradas de chão batido.

Em Garruchos, na Região das Missões, são 60 km de estrada de chão. O asfaltamento da RS-176 é uma promessa antiga, como conta o aposentado Eloi Vieira Machado. "Só prometem que vai sair e nunca saiu", conta.

As más condições da estrada prejudicam o transporte de cerca de 1,5 milhão de toneladas de soja. "Temos uma dificuldade dupla, a primeira é receber, a outra é expedir, escoar essa produção, época de chuva não chega caminhão, se chega não sai", conta Jocelmo Caetano, gerente de uma cooperativa agrícola local.

É comum encontrar obras paradas na região. Empresários desistem de investir em Garruchos quando conhecem as dificuldades que a cidade enfrenta.

No Vale do Taquari, o município de Capitão enfrenta os mesmos problemas devido à falta de pavimentação da RS-482. São 15 km que, se fossem asfaltados, poderiam trazer mais desenvolvimento, principalmente para o comércio.

"Toda a mercadoria mais cara, o frete é mais caro para nós. Aí o comércio tem que repassar esse frete em cima da mercadoria e nossos munícipes tem que procurar outras lojas fora comprar", diz o prefeito de Capitão, Paulo Scheidt (PMDB).

No Norte do estado, a terra cobre os quase 28 km da RS-137, que leva a Itatiba do Sul. A fábrica de pallets – estruturas montadas com tábuas de madeira – do empresário Paulo Cansoli poderia empregar até 40 pessoas, mas tem apenas 17 funcionários, porque os custos de produção e de manutenção da frota têm aumentado devido às más condições da rodovia.

"A estrada hoje está inviabilizando o negócio. Nós produzimos aqui e temos de mandar para fora. Precisamos é da estrada para poder produzir, para poder viabilizar as coisas", desabafa Cansoli.

Na Região Central do estado, a RS-516 que liga Santa Maria a São Martinho da Serra tem causado prejuízos a comerciantes como Luis Antonio Flores. "É pneu cortado, é carro quebrado, é sempre assim e faz anos que é assim. A promessa é de anos", lamenta. Devido à ausência de asfalto, várias transportadoras não querem ir a São Martinho da Serra. As empresas que encaram a viagem encarecem o frete.

O Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer) informou em nota que já concluiu 35 ligações asfálticas no estado, e que está fazendo outras 18 obras, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O departamento afirma ainda que o asfaltamento de mais estradas depende da implantação de medidas que diminuam o endividamento do estado e gerem investimentos em infraestrutura, e que busca novas fontes de financiamentos para mais obras.




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