Apontada como a cidade com maior incidência de problemas de visão em pacientes com toxoplasmose no mundo, Erechim, no Norte do Rio Grande do Sul, vai receber um mutirão para o tratamento da doença. A mobilização vai escolher 120 pessoas para receber tratamento gratuito.

Uma pesquisa, realizada durante uma década na cidade, avaliou mil pessoas. Destas, 80% tinham sido infectadas por toxoplasmose. Entre as que tinham sido diagnosticadas com a enfermidade, 20% apresentavam lesões oculares – o maior índice registrado em todo o mundo na história da medicina.

"Não se sabe porque Erechim tem tantos casos. Um dos objetivos deste trabalho é também entender o motivo da alta incidência", diz o médico oftalmologista Rubens Belfort Jr.

Contaminação

A toxoplasmose é uma infecção causada pelo Toplasma gondii, um parasita que vive no intestino de gatos e pode contaminar água, frutas e vegetais, além de carne de porco e cordeiro. A principal forma de contágio no Brasil é por meio de carne de porco mal cozida.

Conforme a pesquisa realizada em Erechim, na maioria dos casos da cidade a doença foi adquirida logo após o nascimento. Bebês podem ser contaminados ainda dentro da barriga da mãe ou após o nascimento ao consumir vegetais, água ou carne infectados.

Crianças também podem contrair a doença ao brincar em locais onde gatos costumam fazer necessidades, como caixas de areia de parques e praças em áreas urbanas e no solo de localidades rurais.

Mutirão

O atendimento coletivo será feito em parceria entre a Clínica Silveira, de Erechim, e o Instituto Paulista de Estudos e Pesquisas em Oftalmologia (Ipepo), de São Paulo.

Ainda não se sabe por que a cidade possui alto índice de contaminação pela doença. Porém, os médicos oftalmologistas Claudio Silveira, da Clínica Silveira, e Rubens Belfort Jr., do Ipepo, resolveram ajudar a população que não tem condição de custear o tratamento da doença.

Seleção

Para participar do mutirão, os interessados devem ligar para o telefone (54) 3321-1900 entre 17h e 18h dos dias 24, 25, 26 e 27 de abril e 2, 3 e 4 de maio. "Disponibilizamos uma hora de atendimento diário apenas para fazer o cadastro dos interessados", diz o médico Silveira ao G1.

Para ser selecionado, o paciente precisa ter uma doença ocular em atividade, ter mais de 18 anos e, se for mulher, não pode estar grávida.

Depois, as pessoas passaram por uma triagem que inclui uma série de exames. Aprovadas para o tratamento, elas receberão medicamentos e acompanhamento especializado de maneira gratuita, bancados pelo Ipepo e pela Clínica Silveira.

Fonte:

G1/RS